O Galináceo de Pero Vaz de Caminha


O Galináceo de Pero Vaz de Caminha


Não me lembro nem de ter tirado os sapatos quando me jogue na cama morto de cansaço e com os ouvidos zunindo, deve ser uma reação a poluição auditiva que sofro em meu trabalho e na escola, mas lembro-me bem do sonho que tive na mesma noite que fazia um trabalho relacionado à carta de Pero Vaz, a famosa certidão de nascimento do Brasil ou penso de casamento, pois o mesmo viveu como uma pessoal mal amada e bem explorada.
Sim, o sonho.
Tão logo que fecho os olhos, já sinto o cheiro do mar e me vejo na orla com minhas sandálias “croc” atoladas nas areias da praia, logo que retiro o pé vem uma onda e a leva a tento correr para pega-la antes que a água leve-a para mais longe, pronto já estou sem a outra, o que me deixa um pouco irritado, pois também molhei o calção do meu pijama. Caminho por alguns momentos atrás das benditas até me dar de frente com uma galinha e dois índios nus correndo atrás dela, um chega a se esbarrar em mim. Desprovido de calçados vou seguindo-os, o que mais me parecem um bife à milanesa de areia por se atirarem ao chão para agarrar o galináceo.
Adiante vejo o capitão da nau e Pero Vaz a entregar a um índio mais velho que os da galinha um rosário lindo branco em detalhes em ouro e prata, o que faz Nicolau Coelho e Aires Corrêa rirem e dizer que o velho estava a fazer batota com o capitão o mesmo riu o papagaio riu o índio riu e eu fique com cara de besta.
Os índios não notaram minha presença como se eu fosse um dos estrangeiros, porém os “portugas” se indagaram, “esse rapazote é diferente”, logo para não haver confusão fui me apresentando, dizendo que eu me chamava Júnior Militão e que estava só de passagem, que não sabia como estava ali, eles perguntaram de que parte Itália eu vinha e como eu chegara às índias, imagino eu que eles não sabiam onde estavam para não os confundir inventei uma história que eu era um naufrago e concordei que era da Itália, mas vivia a viajar e falava um pouco de Gales.
Minutos após minhas explicações lá vem os dois jovens índios com a pobre da ave, um com um dos pés das minhas crocs e o outro com a galinha se debatendo agarrada por uma das patas, ambos pareciam mais duas crianças com brinquedos novos, tão pouco me distraio o velho índio esta apontado para a mata fazendo menção sobre as partes de ouro e prata do rosário do capitão “pensei meu Deus, acabaram de se ferrar”, os navegantes sorriram, pois entenderam de imediato o que se referia tal gesto e já trataram de me olhar feio com medo de que eu deseja-se as riqueza, fiz que não entendera e perguntei se eles entenderam e Sancho de Tovar falou que era para trocar por frutos, “pensei, a tá e eu sou o goiaba na história”.
Pero Vaz mais fitava as belas índias desnudas do que anotara. “Acho que ele era míope”, pois seus cinqüenta anos com ar de oitenta franzindo a testa para forçar a vista em direção as índias o entregava.
Já grilado com toda aquela confusão me chega um gago chamado Simão de Miranda que tenta me perguntar em italiano de que lugar eu era exatamente “Dododove abibibiti?“, “ai Jesus! porque não li aquele curso de idiomas globo que me emprestaram, já não falo italiano, esse Mané gaguejando em um português que mal entendo também”. Deduzi que ele falava “dove abiti” já emendei que era de Roma, eu sabia que lá existia, ai ele falou uns trezentos P antes de falar “piu” e mais uns quinhentos B antes de “bella” sorri para concordar. Nunca mais vou esquecer aquela cena bilabial frenética arrematada pelas suplicas do galináceo que tentava se soltar dos índios.
Já me dando conta que não pertencia a aquele lugar, pedi licença, fui até a água um pouco assustado, quero ir pra casa, olhei novamente para o mar, “como adoro ele”, logo uma onda me molha os pés, penso em nadar, êxito por instantes acabo por me atirar sentindo o frio da água sua salubridade e logo que sai a tona pra respirar vejo o meu quarto e o maldito celular me despertando. Viro para o lado mais cansado do que me deitei e me pergunto: como preparam aquela galinha?
















Trata-se de uma narrativa sobre a carta de Pedro Vaz de Caminha, a pedido da professora de alguma forma eu deveria estar presente no momento indicado que é o contato com os índios.